sexta-feira, julho 25, 2025


Suicídios entre policiais superam homicídios e acendem sinal de alerta para saúde mental nas forças de segurança

Desde 2018, a tendência de morte autoinfligida por agentes tem sido de aumento constante; dados estão no Anuário Brasileiro da Segurança 2025, divulgado nesta quinta-feira (24)

Enquanto o Brasil celebra a queda contínua das mortes violentas intencionais em geral, um dado alarmante surge das estatísticas de segurança pública: o suicídio entre policiais tem se tornado uma causa de morte mais frequente do que os próprios homicídios em algumas situações, revelando uma crise silenciosa de saúde mental que atinge as forças de segurança do país. Os dados estão no Anuário Brasileiro da Segurança 2025, divulgado nesta quinta-feira (24).

Desde 2018, a tendência de suicídios de policiais civis e militares tem sido de aumento constante, contrastando com a diminuição das mortes violentas intencionais desses profissionais no mesmo períodoEm 2024, foram registrados 126 suicídios de policiais em todo o BrasilEmbora o número total de mortes de policiais por confronto tenha diminuído 4,5% entre 2023 e 2024, de 178 para 170 casos, a redução na taxa de suicídios foi ainda maior, de 8%, passando de 137 para 126 mortes.

Apesar da queda percentual em 2024, a série histórica mostra que, a partir de 2018, o suicídio tem ganhado protagonismo como causa de morteEm 2024, os policiais civis morreram mais por suicídio (20 casos) do que em confrontos (14 casos)No caso dos policiais militares, embora as mortes em confronto (no trabalho ou na folga) ainda sejam mais numerosas (156 casos), os suicídios (106 casos) representam uma parcela significativa e preocupante.

Essa inversão na dinâmica levanta sérias questões sobre as condições de trabalho e o bem-estar dos profissionais“De fato, o número total de policiais mortos por confronto e por suicídio vem diminuindo ao longo dos últimos anos. No entanto, há uma tendência de diminuição de mortes violentas intencionais (MVIs) de policiais, a quantidade de suicídios desses profissionais vem aumentando de maneira mais ou menos constante desde 2018, primeiro ano da série histórica analisada”, aponta o relatório.

A vitimização por suicídio não é homogênea em todo o paísEm 2024, seis Unidades da Federação apresentaram taxas de suicídio de policiais civis e militares acima da média nacional (0,3 por 1.000 profissionais da ativa): Rio Grande do Sul (0,7), Paraná (0,6), Mato Grosso do Sul (0,6), Piauí (0,5), Ceará (0,4) e Distrito Federal (0,4)O levantamento também mostra aumentos expressivos nos registros de autoextermínio em dez estados entre 2023 e 2024, como Distrito Federal (+400%), Alagoas (+200%) e Ceará (+100%).

Especialistas ressaltam que o suicídio é um problema de saúde pública e que a profissão policial possui particularidades que podem agravar o adoecimento psíquico, como o contato contínuo com situações de perigo, assédio moral, cobrança por metas, endividamento e insegurança jurídicaA questão se torna ainda mais complexa ao considerar que a arma de fogo, principal instrumento de trabalho desses profissionais, também é um dos meios mais utilizados nos suicídios. Apesar da gravidade do cenário, a sistematização dos dados sobre a saúde mental dos policiais ainda enfrenta desafios, como a falta de padronização na coleta e subnotificação.

FONTE: JOVEM PAN NEWS

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