Crise se agrava com bloqueios de estradas, escassez de alimentos e protestos para que Morales concorra à presidência
Os confrontos entre apoiadores do ex-presidente Evo Morales e forças de segurança se intensificaram na quarta-feira (11) na Bolívia, resultando na morte de três policiais no município de Llallagua, em Potosí, segundo o governo de Luis Arce. Um quarto agente teve a morte confirmada nesta quinta-feira (12), após ser sequestrado e morto com explosivos durante bloqueios na rodovia Cochabamba-Oruro, de acordo com o vice-ministro do Interior, Jhonny Aguilera. A imprensa local também confirmou a morte de um bombeiro e de um civil, elevando o total de vítimas para seis. Ao menos 15 pessoas foram presas, segundo o promotor Gonzalo Aparicio Mendoza.
“Expressamos nossas mais profundas condolências às famílias dos policiais mortos em serviço, desobstruindo caminhos e restaurando a liberdade de movimento do povo boliviano. Estamos com eles neste momento de profunda dor”, declarou o presidente Arce, em sua conta no X.
Luis Arce condenou a violência e o uso ilegal de armas letais pelos apoiadores de Morales. Ele também reafirmou que o cronograma eleitoral será mantido, com as eleições previstas para 17 de agosto.
As manifestações têm como estopim a tentativa de Morales de disputar novamente a presidência. No entanto, o Tribunal Constitucional da Bolívia vetou qualquer nova reeleição, contínua ou não. O nome de Morales também não aparece entre os candidatos aprovados. Seus apoiadores, além de protestarem contra a decisão judicial, exigem a renúncia do atual presidente.
Os confrontos ocorrem em meio a bloqueios de estradas que afetam o abastecimento de alimentos e combustíveis em várias regiões da Bolívia. Após dez dias de interdições, especialmente entre La Paz e Cochabamba — reduto político de Morales — o governo ordenou a desobstrução das vias, alertando para os prejuízos econômicos, que já chegam a US$ 100 milhões, segundo estimativas oficiais.
Em Llallagua, moradores relataram cenas de terror com a chegada de um contingente policial que foi alvo de uma emboscada com pedras e dinamite. “Sem comida e nem combustível há mais de 10 dias e com barricadas em cada esquina”, relataram testemunhas.
Marta Muñoz, de 73 anos, moradora da região de La Paz, contou à Associated Press que enfrentou uma fila de quase cinco horas para comprar comida.
“Comprar um frango é como receber um troféu. Isso é resultado da briga entre o presidente Arce e Evo… Não podemos continuar assim”, desabafou.
Segundo a imprensa local, mais de 50 pessoas ficaram feridas durante os confrontos. Vicente Choque, líder da Confederação Sindical Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB), pró-Evo, afirmou nesta quinta-feira (12) que os protestos continuarão “até que Lucho [Luis Arce] seja afastado da presidência”, e classificou o movimento como “imparável”.
O governo boliviano apresentou uma denúncia criminal contra Evo Morales por incitação à violência. O ex-presidente, por sua vez, negou ter convocado os protestos, atribuindo a iniciativa às organizações sociais que o apoiam.
FONTE: SBT NEWS