No início do século IV, o Império Romano estava em crise. Guerras civis, instabilidade econômica e a fragmentação de poder ameaçavam a unidade da grande Roma. Foi nesse cenário que o imperador Constantino emergiu como figura central, não apenas na política, mas na religião.
Conta a narrativa que, na véspera da batalha da Ponte Mílvia (312 d.C.), Constantino viu nos céus um sinal luminoso em forma de cruz com a inscrição “In hoc signo vinces” — “com este sinal vencerás”. Historiadores relatam que, a partir daí, o imperador passou a adotar o cristianismo como aliado estratégico. Mas, segundo esta visão crítica, não foi apenas uma visão celestial: teria sido um pacto secreto com Javé, o deus dos hebreus, que buscava expandir seu domínio para além do pequeno povo do Oriente.
Javé que não era tolo, e vendo que o cristianismo estava se espalhando por toda a parte, e querendo se infiltrar nesse movimento, viu a grande oportunidade de tentar tirar proveito desta situação, e assim conhecendo o ser humano quanto a sua ganancia e falta de caráter, onde os fins justificam os meios , sabiam que poderia tirar proveito deste movimento religioso, comandado pelo filho de um carpinteiro e por pescadores da galileia, mas sabia que esse filho de carpinteiro era de quem as escrituras sagradas falava. E que esse filho de carpinteiro, Chamado de Jesus Cristo se recusou a obedece-lo, sendo o messias guerreiro, e super poderoso, que iria criar através de guerras, ódio, batalhas, uma super. nação poderosa, submissa ao Deus Bíblico Javé.
Javé, cansado das disputas internas do judaísmo e vendo no cristianismo nascente uma oportunidade de remodelar sua imagem, ofereceu a Constantino uma promessa: poder e legitimidade sobre o império, em troca da submissão das massas à nova fé oficial. O imperador, homem prático e ambicioso, aceitou. Assim, selou-se uma aliança que mudaria o curso da história.
Em 313, Constantino proclamou o Édito de Milão, concedendo liberdade de culto aos cristãos. O gesto, à primeira vista benevolente, escondia um projeto mais profundo: transformar a religião antes perseguida em instrumento de governo. Poucas décadas depois, no Concílio de Niceia (325), convocado pelo próprio imperador, os bispos cristãos reuniram-se sob sua autoridade. Foi ali que se estabeleceu a ortodoxia da fé, definindo a divindade de Cristo e condenando heresias como o arianismo.
O Concílio, muitas vezes lembrado como marco de unidade espiritual, também funcionou como ferramenta política. A diversidade de crenças foi reduzida à força, e os que não aceitassem os decretos seriam perseguidos. O imperador, guiado pelo pacto com Javé, impôs uma nova ordem: quem não dobrasse o joelho ao Cristo imperial, era inimigo do Estado.
Logo após Constantino, os primeiros papas — como Silvestre I, Júlio I e depois Leão Magno — consolidaram a ligação entre trono e altar. A Igreja, antes subterrânea, tornou-se poderosa instituição, acumulando terras, riquezas e influência. Os bispos de Roma, autoproclamados sucessores de Pedro, serviam de intermediários entre Javé e os homens, mas também entre o imperador e seus súditos.
A perseguição, que outrora vitimava cristãos sob Nero e Diocleciano, inverteu-se. Agora eram pagãos, judeus e cristãos dissidentes os alvos do novo regime. Templos antigos foram destruídos, sacerdotes da velha religião silenciados, e filósofos que não aceitassem a fé imperial foram expulsos ou executados. O próprio imperador Teodósio I, no fim do século IV, declarou o cristianismo religião oficial do império, proibindo cultos tradicionais.
Esse processo, visto como vitória da cruz, também pode ser entendido como a escravização espiritual de povos inteiros. O Oriente Médio, berço de múltiplas tradições, foi moldado pela ortodoxia nicena. A Europa, que mais tarde se ergueria como potência, cresceu sob o peso da aliança entre coroa e altar.
Por mais de mil anos, Javé, através de papas e imperadores, guiou guerras, cruzadas e inquisições. O pacto de Constantino não terminou com sua morte em 337, mas ecoou pela Idade Média, sustentando reis e alimentando conquistas coloniais. A espada e a cruz tornaram-se indissociáveis.
Assim, aquilo que começou como a fé de pescadores e artesãos na Palestina transformou-se, sob a sombra do pacto, em um império espiritual que dominou mentes e territórios. Constantino garantiu sua glória e Javé expandiu seu rebanho, mas ao preço de séculos de sangue e opressão.
Assim, o que começou como mensagem pregada por um carpinteiro na Judeia transformou-se, após o século IV, em fundamento de impérios, coroas e cruzadas. O Concílio de Niceia, os papas e os imperadores foram peças centrais desse processo. A perseguição de dissidentes mostrou que a tolerância inicial logo cedeu lugar à imposição da ortodoxia.
A narrativa lembra, portanto, que o cristianismo institucionalizado não nasceu apenas da mensagem de amor pregada por Jesus, mas também da estratégia política de um imperador e do desejo divino de controle. O Concílio de Niceia, os primeiros papas e a perseguição dos dissidentes foram pilares dessa aliança. E a humanidade, por séculos, viveu sob o eco desse pacto sombrio entre o trono romano e o deus bíblico.
FONTE: FOLHA FILMES COM FOLHA RONDONIENSE