“ O 1% que as pessoas davam de chance de o Botafogo vencer, já bastou.” Marlon Freitas ironiza. Campeão da Libertadores derrotou o melhor time do mundo: 1 a 0. O PSG, vencedor da Champions
“Quando eu subi na mureta (para comemorar o gol), na verdade, minha visão escureceu.
“Parecia que estava num sonho.”
Se para Igor Jesus era um sonho, para o técnico do PSG, Luis Enriquer, a partida histórica, foi um pesadelo.
“O Botafogo foi a equipe que melhor nos marcou, em toda a temporada. Parabéns para eles.”
E o time carioca mereceu ser parabenizado pelo treinador espanhol do bilionário time, montado pela trilhardária família real do Catar. E por todos que tiveram a sorte de assistir ao jogo.
Os sites de apostas servem de termômetro, em média, apostar na vitória do Botafogo pagaria seis vezes o investido. O PSG, uma vez e meia.
Jornalistas do mundo todo consideram a partida ganha pelo time francês. E que vinha de goleada por 5 a 0, na Inter de Milão, pela final da Champions League. E por 4 a 0 contra o Atlético de Madrid, de Simeone, na estreia do Mundial.
Mas Luis Enrique, amante do futebol solidário, não tinha ideia do que encontraria pela frente. Os jogadores do Botafogo deram aula de aplicação, dedicação, força mental e obediência a Renato Paiva.
“Nós fizemos um jogo que, taticamente, fomos perfeitos. Irrepreensíveis. Paris Saint-Germain, não teve todas aquelas oportunidades flagrantes. Teve muito a bola, de fato teve, mas nós fomos muito solidários. Quando saí do campo, disse: fizemos o Paris Saint-Germain beber do seu próprio veneno.”
O orgulho estava em cada palavra do português treinador do Botafogo.
O time carioca conseguiu travar o PSG.

Allan teve atuação vibrante, marcação severa na intermediária. Um dos melhores em campoVitor Silva/Botafogo
De uma maneira muito inteligente e que exigiu que todos os jogadores se entregassem, fosse solidários.
Renato Paiva sabia que o time francês venceu seus principais adversários trocando passes nas intermediária. O time é muito propositivo. Ele apostou em travar o poderosíssimo rival.
Apostou em no 4-5-1 que exigiu o máximo de esforço físico de seus atletas. Kvaratskhelia, Doué e Vitinha tiveram pela frente uma barreira pelo meio, com Allan, Gregore e Marlon Freitas dando até a última gota de suor, para evitar tabelas, penetrações na vertical, entre a zaga.
Barboza e Jair tiveram um desempenho assustador, perfeito. E tiveram o completo senso de cobertura das laterais, principalmente o lado direito, onde Kvaratskhelia levava a melhor sobre Vitinho.
Savarino e Arthur se desdobraram marcando e tentando os contragolpes, buscando o onipresente Igor Jesus.
O PSG, com 78% de posse de bola, trocava passes, mas não conseguia romper as linhas montadas muito próximas por Renato Paiva.
E aos 34 minutos, o Botafogo mostrou o quanto ter apenas 22% de posse de bola pode ser mais do que suficiente. Em um contragolpe sensacional, Savarino lançou Igor Jesus. Ele tinha pela frente Pacho. Ele o driblou em velocidade. E quando chutou, a bola desviou no zagueiro e deixou Donnarumma sem ação.
Botafogo 1 a 0.

A vibração de Igor Jesus. Contagiante. O Botafogo empolgou todos os brasileirosVitor Silva/Botafogo
Se os jogadores do time carioca já estavam se desdobrando no 0 a 0, com a vantagem no placar, a dedicação foi absoluta.
As feições de Luis Enrique e dos seus jogadores era de incredulidade. Não estavam preparados para tamanha resistência. E, afobados, os atletas passaram a tentar resolver a partida de forma individual, driblando. Correram muito, lutando ao máximo para não perder para um time sul-americano.
John esteve muito seguro, porém, não teve de fazer milagre algum, nas 12 finalizações do PSG.
Ao final, não houve como o vencedor da Champions League escapar da derrota.
Os torcedores e o time entraram em êxtase, assim que a partida acabou.
O melhor resumo da situação vivida ontem no estádio de Pasedena, nos Estados Unidos, saiu da boca de Marlon Freitas.
“É sobrenatural. Sabíamos das dificuldades. O PSG é uma grande equipe coletivamente, individualmente e sabíamos que tínhamos que dar um algo a mais. Como eu falei, talvez para muitos… Eu acredito que o Botafogo tinha 1% para ganhar esse jogo e 1% para gente é muito. Na Libertadores, foi assim. Com 40 segundos, talvez 1%.
“Faltando três rodadas para acabar o Brasileiro, era 1%. E a gente fez com trabalho, dedicação, humildade… É um grupo que fez história e se sacrifica para isso. Quem está chegando, está vendo que não existe impossível para o Botafogo.
“A gente pode ganhar, perder, mas não vamos desistir nunca. Podemos ganhar, podemos perder, mas continuaremos lutando.”
Renato Paiva também foi certeiro.
“Nós fomos aquilo que o PSG tem sido nos últimos tempos. Uma verdadeira equipe, não foi a primeira vez que somos. Atacamos todos, defendemos todos. Deslizamos todos para a direita, deslizamos todos para a esquerda. Fomos todos para a frente e fomos todos para trás.
“Era a única forma de nós nos equivalermos com eles. A partir daí, depois, também o talento dos nossos jogadores. Porque os nossos jogadores têm muita qualidade. Foi um jogo estratégico, sabíamos como ia ser.”

Renato Paiva venceu o duelo com Luis Enrique. Botafogo era apontado pela imprensa internacional como mera zebraVitor Silva/Botafogo
Igor Jesus, segue se entregando de corpo e alma, apesar de já estar vendido para o Nottingham Forest.
E com personalidade lembrou que o Botafogo também é campeão.
“Eles são campeões europeus, nós somos campeões da América, então eu acho que não muda muito. São duas equipes que são campeãs, entraram no jogo pra vencer, só que o Botafogo foi fatal na oportunidade que teve. Eu acho que conseguimos nos defender muito bem, soubemos sofrer diante de uma grande equipe, mas sabemos do nosso potencial.
“Todos aqui trabalham forte todos os dias pra estarmos preparados no momento como esse. Independente de quem enfrentar, sempre fazer o seu melhor pelo Botafogo, porque o Botafogo é assim.
“O Botafogo sempre sofre, mas sempre vai em busca da vitória, o que nós fizemos hoje. Todo mundo está de parabéns e vamos continuar.”
Depois na final da Libertadores, em 2024, esta foi a mais importante vitória da história do Botafogo. Nem mesmo no tempo de Garrincha, Amarildo, Didi e Jairzinho.
Desde que o Corinthians venceu o Chelsea, na final do Mundial de 2012, nenhum clube brasileiro havia vencido um europeu. Houve nove confrontos. Seis vitórias de times do Velho Continente e três empates. Em jogos oficiais.
“Eu te amo, Brasil.
“Essa é para todo o Brasil.
“Nós podemos jogar futebol no Brasil”. comemorava o bilionário, John Textor.
O Botafogo matematicamente pode até perder por dois gols de diferença do Atlético de Madrid, que estará classificado, para as oitavas do Mundial de Clubes.
O clube fez ontem uma partida inesquecível.
Conseguiu vencer o melhor time do mundo.
Resultado que encheuj de orgulho a todos nós, brasileiros…
FONTE: R7.COM