sábado, setembro 13, 2025


FOLHA FILMES: O soldado romano Longinus, de Vilão a Herói do Cristianismo

O soldado romano Caio Cássio Longinus entrou para a história no dia em que, no Gólgota, recebeu ordens de seus superiores para apressar a morte dos crucificados. Era costume quebrar-lhes as pernas, impedindo-os de sustentar o corpo e acelerando o fim. Mas, diante de Jesus de Nazaré, Longinus sentiu algo diferente. O condenado já parecia ter expirado. Em vez de obedecer cegamente, o centurião tomou sua lança e, num gesto que mudaria sua vida, perfurou o lado de Cristo.

Do coração do Filho de Deus jorrou sangue e água (João 19:34), sinal divino que muitos cristãos reconheceriam como os sacramentos da Eucaristia e do Batismo. Naquele instante, a dureza do soldado romano se dissolveu. Longinus compreendeu que não estava diante de um simples rebelde, mas do verdadeiro Messias.

Pouco depois, desertou do exército romano. Abandonou sua posição em Jerusalém e passou a viver escondido, pregando discretamente sobre o que havia testemunhado no Gólgota. Roma, contudo, não tolerava deserções, muito menos a adesão a uma fé considerada subversiva. Soldados foram enviados para capturá-lo. Encontrado, Longinus foi torturado brutalmente. Ainda assim, manteve-se firme em sua confissão: “Cristo é o Senhor”. Por volta do ano 45 d.C., foi decapitado na Capadócia, tornando-se um dos primeiros mártires da Igreja.

Nos séculos seguintes, sua memória cresceu entre os cristãos. A lança que havia atravessado o corpo de Cristo foi preservada como relíquia. Chamada de “Lança do Destino” ou “Lança de Longinus”, ela se tornou símbolo de poder espiritual e temporal. Imperadores bizantinos a guardaram em Constantinopla, e cruzados a levaram para a Europa.

Em 800 d.C., o papa Leão III, em meio ao florescimento do Império Carolíngio, canonizou Longinus como São Longuinho. Era um reconhecimento oficial da Igreja Católica ao soldado que, ao tocar o coração de Cristo, também teve o seu transformado. O nome de Longinus passou a ser invocado por fiéis em várias regiões da Europa, e até hoje, no Brasil, “São Longuinho” é lembrado popularmente como aquele que ajuda a encontrar coisas perdidas.

A história da lança, porém, seguiu seu próprio curso. Durante a Idade Média, acreditava-se que quem a possuísse teria autoridade invencível sobre reinos e povos. Em Viena, no tesouro dos Habsburgo, a relíquia ficou guardada por séculos. Já no século XX, Adolf Hitler, fascinado pelo ocultismo e pela simbologia cristã distorcida, buscou apropriar-se dela. Em 1938, após a anexação da Áustria, Hitler tomou posse da lança, convencido de que nela residia uma força capaz de assegurar seu domínio mundial.

Ironicamente, em 1945, poucas horas depois de os Aliados capturarem a relíquia em Nuremberg, Hitler tirou a própria vida. Muitos viram nisso um sinal de que a lança jamais poderia ser usada para o mal.

A figura de Longinus, porém, permanece viva não pela arma, mas pelo testemunho de fé. Ele foi o soldado que ousou desobedecer às ordens de crueldade, escolhendo um gesto de compaixão. Foi o homem que abandonou a glória de Roma para seguir a Cristo. Foi o mártir que entregou sua vida e, séculos depois, foi honrado como santo.

São Longuinho nos recorda que até os corações mais endurecidos podem ser tocados pela graça divina, e que a verdadeira vitória não está no poder das armas, mas na entrega ao amor de Deus revelado na cruz.

FONTE: FOLHA FILMES COM FOLHA RONDONIENSE

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