sábado, julho 19, 2025


Favelas movimentam R$ 300 bi por ano e ultrapassam consumo de 22 estados

Estudo mapeia perfil de compra, intenções de investimento e desafios de ecommerce de 17 milhões de brasileiros

A pesquisa do Instituto Data Favela, em parceria com a Cufa (Central Única das Favelas) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ouviu 16,5 mil moradores e mostrou que a renda própria gerada em favelas e periferias soma cerca de R$ 300 bilhões anuais — valor superior ao PIB de vários estados e maior que o consumo de Paraguai e Bolívia.

Com 6,6 milhões de domicílios (8% dos lares nacionais) e 17 milhões de residentes em 12,3 mil comunidades mapeadas, essas comunidades equivalem à quarta maior unidade da federação em população, ficando atrás de São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

A cifra de R$ 300 bilhões supera o consumo anual de 22 das 27 unidades federativas, incluindo o Distrito Federal, e é maior que os PIBs de países vizinhos como Bolívia e Paraguai.

Confira a intenção de compra para os próximos seis meses:

  • 70% pretendem comprar roupas (equivalente a 8,6 milhões de pessoas). A Região Norte apresenta os maiores índices (77%).
  • 60% querem comprar perfumes (equivalente a 7,4 milhões de pessoas). A Região Norte se destaca com 67%.
  • 51% citaram produtos de beleza (equivalente a 6,3 milhões de pessoas). A Região Norte também tem o maior índice (53%).
  • 51% pretendem comprar eletrodomésticos (equivalente a 6,3 milhões de pessoas). A Região Norte lidera com 61%.
  • 51% pretendem comprar materiais de construção (equivalente a 6,3 milhões de pessoas). A Região Norte registra 59%.
  • 43% querem investir em cursos diversos (equivalente a 5,3 milhões de pessoas). Na Região Norte, 54% têm essa intenção.
  • 29% querem investir em cursos de idiomas (equivalente a 3,5 milhões de pessoas). A Região Norte mostra 39%.
  • 43% pretendem comprar eletrônicos (equivalente a 5,3 milhões de pessoas). Nas regiões Norte e Centro-Oeste, 47% têm essa intenção.

Marketplaces e problemas

No ambiente digital, seis em cada dez moradores de favela recorrem a marketplaces, com Shopee (40%), Mercado Livre (39%) e Shein (26%) à frente.

Porém, 60% enfrentam atrasos, 20% perdem encomendas por falhas de endereço, 50% recebem mensagens falsas, e 33% caem em golpes.

Para Renato Meirelles, um dos fundadores do Data Favela, “a favela não é carência, é mercado” — segmento que compra, constrói e transforma. Ele destaca o planejamento e a busca por custo‑benefício real: “Consumir bem não é só economizar, é sentir‑se inteligente pela decisão.”

Para Marcus Vinícius Athayde, outro fundador do Data Favela, “este estudo desconstrói estereótipos” e mostra a favela como força de consumo, sonhos e investimentos.

FONTE: R7.COM

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