Alegações que motivaram essa apuração indicam que o Brasil estaria comprometendo a competitividade das empresas americanas; documento menciona ainda a existência de ‘tarifas preferenciais e injustas’
O governo dos Estados Unidos iniciou uma investigação comercial direcionada ao Brasil, com foco em diversas práticas relacionadas ao comércio eletrônico, tecnologia, taxas de importação e questões ambientais. O anúncio foi feito pelo USTR (sigla em inglês), o Escritório do Representante de Comércio dos EUA, através de um comunicado oficial. “Sob a orientação do presidente Trump, estou iniciando uma investigação nos termos da Seção 301 sobre os ataques do Brasil às empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos americanos”, disse o atual representante comercial, Jamieson Greer, no comunicado. As alegações que motivaram essa apuração indicam que o Brasil estaria comprometendo a competitividade das empresas americanas. A retaliação contra redes sociais que não censuram conteúdos políticos é um dos pontos destacados. O documento menciona ainda a existência de “tarifas preferenciais e injustas”, além de problemas relacionados à propriedade intelectual e ao desmatamento.
Entre os aspectos que o USTR irá investigar estão as práticas de comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, onde se alega que há retaliações contra empresas dos EUA. Também será analisada a concessão de tarifas mais baixas a parceiros comerciais, o que prejudica as exportações americanas. Outro ponto de preocupação é a aplicação de medidas anticorrupção, com a falta de normas efetivas para combater a corrupção e o suborno. A proteção à propriedade intelectual também será examinada, uma vez que a negação de direitos adequados pode impactar negativamente os trabalhadores americanos.
Além disso, a investigação abordará o aumento das tarifas sobre as exportações de etanol dos EUA e a ineficácia na aplicação de leis que visam coibir o desmatamento ilegal. Essa situação pode afetar a competitividade dos produtores americanos no mercado. As consequências dessa investigação podem ser significativas, com potenciais danos à economia brasileira e a possibilidade de novas sanções comerciais.
Confira o comunicado do órgão de comércio dos EUA sobre a abertura de investigação sobre o Brasil:
Hoje, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos iniciou uma investigação sobre o Brasil, nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. A investigação buscará determinar se atos, políticas e práticas do Governo Brasileiro relacionados ao comércio digital e serviços de pagamento eletrônico; tarifas preferenciais injustas; interferência anticorrupção; proteção da propriedade intelectual; acesso ao mercado de etanol; e desmatamento ilegal são irracionais ou discriminatórios e oneram ou restringem o comércio dos EUA.
“Sob a orientação do Presidente Trump, estou iniciando uma investigação nos termos da Seção 301 sobre os ataques do Brasil às empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos americanos”, disse o Embaixador Greer. “O USTR detalhou as práticas comerciais desleais do Brasil que restringem a capacidade dos exportadores americanos de acessar seu mercado há décadas no Relatório Nacional de Estimativa de Comércio (NTE). Após consultar outras agências governamentais, assessores credenciados e o Congresso, determinei que as barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil merecem uma investigação completa e, potencialmente, uma ação corretiva.”
A Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, conforme alterada (Lei de Comércio), foi elaborada para abordar práticas estrangeiras desleais que afetam o comércio dos EUA. A Seção 301 pode ser usada para responder a práticas injustificáveis, irracionais ou discriminatórias de governos estrangeiros que onerem ou restrinjam o comércio dos EUA. De acordo com a Seção 302(b) da Lei de Comércio, o Representante Comercial pode, por conta própria, iniciar uma investigação nos termos da Seção 301.
Uma investigação nos termos da Seção 301(b) examina se os atos, políticas ou práticas são irracionais ou discriminatórios e oneram ou restringem o comércio dos EUA. Considerando a orientação específica do Presidente e o parecer do Comitê Interinstitucional da Seção 301, o Representante Comercial dos Estados Unidos iniciou uma investigação. O Representante Comercial dos EUA deve buscar consultas com o governo estrangeiro cujos atos, políticas ou práticas estão sob investigação. O USTR solicitou consultas com o Brasil em relação à investigação. O USTR realizará uma audiência relacionada a esta investigação em 3 de setembro de 2025. Para garantir a consideração, as pessoas interessadas devem enviar comentários por escrito, solicitações para comparecer à audiência, juntamente com um resumo do depoimento, até 18 de agosto de 2025. O USTR realizará uma audiência relacionada a esta investigação em 3 de setembro de 2025.
Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico: o Brasil pode prejudicar a competitividade de empresas americanas que atuam nesses setores, por exemplo, retaliando-as por não censurarem discursos políticos ou restringindo sua capacidade de prestar serviços no país;
Tarifas preferenciais injustas: o Brasil concede tarifas preferenciais mais baixas às exportações de certos parceiros comerciais globalmente competitivos, prejudicando assim as exportações dos EUA;
Aplicação anticorrupção: a falha do Brasil em aplicar medidas anticorrupção e de transparência levanta preocupações em relação às normas relativas ao combate ao suborno e à corrupção;
Proteção da propriedade intelectual: o Brasil aparentemente nega proteção e aplicação adequadas e eficazes dos direitos de propriedade intelectual, prejudicando trabalhadores americanos cujos meios de subsistência estão vinculados aos setores norte-americanos impulsionados pela inovação e criatividade;
Etanol: O Brasil abandonou sua disposição de oferecer tratamento praticamente isento de impostos para o etanol dos EUA e, em vez disso, agora aplica uma tarifa substancialmente mais alta às exportações de etanol dos EUA; e
Desmatamento ilegal: O Brasil parece não estar aplicando efetivamente as leis e regulamentações destinadas a impedir o desmatamento ilegal, prejudicando assim a competitividade dos produtores americanos de madeira e produtos agrícolas.
FONTE: JOVEM PAN NEWS