Era uma vez, em um grande formigueiro escondido entre árvores altas do Brasil, uma formiguinha muito especial chamada Melechete. Desde pequeno, ele não era como as outras formigas. Enquanto muitas gostavam de carregar folhas, sementes ou cuidar das larvas, Melechete sonhava em ser um guardião do seu povo.
Ele treinava todos os dias: pulava por cima de galhos, praticava golpes com gravetinhos e até inventava escudos de folhas secas. “Um dia”, pensava ele, “serei um soldado do exército das formigas do Brasil e defenderei a nossa pátria!”.
E assim aconteceu. Quando cresceu, Melechete tornou-se um bravo major do exército brasileiro, usando um uniforme minúsculo feito de pétalas verdes e com sua espada de espinho polido sempre à cintura. Ele marchava lado a lado com outras formigas-soldado, protegendo seu formigueiro e toda a nação formigal.
Mas um tempo difícil chegou: o país das formigas vizinhas, o Paraguai, entrou em guerra com o Brasil. As formigas brasileiras foram chamadas para lutar, e Melechete partiu com seu batalhão.
Certo sábado à tarde, o sol brilhava dourado sobre o campo de batalha. Melechete, curioso e atento, resolveu dar uma volta com alguns companheiros para verificar se estavam sendo vigiados. A mata estava silenciosa, mas de repente ouviram gritos e viram poeira levantando no horizonte.
— Rápido! Venham comigo! — gritou Melechete.
Quando chegaram mais perto, o coraçãozinho dele quase parou: um grupo enorme de formigas inimigas atacava um pequeno destacamento brasileiro. As formigas brasileiras estavam em apuros, prestes a ser derrotadas.
Sem pensar duas vezes, Melechete avançou com seus amigos. Ele saltava, girava, golpeava com sua espada de espinho, enquanto seu grito de guerra ecoava:
— Pela pátria e pelo formigueiro!
A batalha foi intensa. As formigas inimigas recuaram, assustadas com a coragem daquele pequeno guerreiro que parecia lutar como se fosse dez. Aos poucos, os brasileiros se reorganizaram e, com a ajuda de Melechete, conseguiram expulsar o inimigo.
Quando tudo terminou, as formiguinhas sobreviventes se ajoelharam de cansaço e gratidão. E então, do meio delas, surgiu uma figura importante: o general Korumbí, o ministro da guerra do Império das Formigas. Ele estava de visita às tropas e havia sido protegido, sem que Melechete soubesse.
— Major Melechete, — disse o general, com a voz firme mas emocionada — você salvou não apenas este destacamento, mas a mim e a honra de todo o nosso exército. Jamais esquecerei o que fez hoje.
Melechete, humilde, respondeu apenas:
— Fiz o que qualquer formiga brasileira faria.
A guerra durou mais um tempo, mas, no final, o Brasil venceu. E quando a paz voltou, o general Korumbí chamou Melechete e o levou para o Rio de Janeiro, a grande colônia das formigas imperiais. Lá, ele continuou sua carreira, ensinando jovens formigas a serem corajosas e leais.
Com o passar dos anos, Melechete chegou ao posto mais alto que uma formiga guerreira poderia alcançar: marechal do exército do Império. Mas, mesmo tão importante, ele nunca perdeu a simplicidade. Gostava de visitar os formigueiros pequenos e contar histórias, lembrando sempre:
— A verdadeira força de uma formiga não está no tamanho, mas no coração.
E assim, até hoje, as formiguinhas contam a lenda de Melechete, o pequeno herói que salvou o exército e tornou-se uma das maiores glórias do Império das Formigas.
FONTE: FOLHA PRODUTORA AUDIOVISUAL DE FILMES – FOLHA RONDONIENSE – AUTOR GOMES OLIVEIRA