Da Amazônia ao Sudeste, estiagens revelam desequilíbrio climático e exigem soluções urgentes em gestão hídrica, energia e adaptação
O Brasil está mergulhado em uma seca que já não pode ser chamada de normal. Reservatórios em São Paulo caem a 38% em pleno agosto, Brasília ultrapassa 100 dias sem chuva, rios da Amazônia entram em colapso, e quase todos os municípios do Rio Grande do Norte sofrem com a estiagem. O que antes era considerado sazonalidade hoje é sintoma claro de uma crise climática em andamento. A narrativa do “isso sempre aconteceu” já não se sustenta. O padrão mudou. Os ciclos de chuva se alteraram, os eventos extremos se tornaram mais frequentes e a intensidade das secas deixou de ser exceção para se transformar em regra. A ciência vem alertando há décadas, mas a inércia política e a má gestão hídrica transformaram previsões em realidade. O problema tambem é estrutural. O país depende de uma matriz elétrica ainda concentrada em hidrelétricas, vulneráveis ao regime das águas. O abastecimento urbano convive com perdas de quase 40% da água tratada por falhas na rede. No campo, a agricultura avança sem medidas de adaptação, ampliando a pressão sobre os recursos hídricos. O resultado é previsível: falta de água, energia mais cara e insegurança alimentar.
Não há mais espaço para remendos. A saída está em um tripé: gestão eficiente da água, com combate ao desperdício e reuso em larga escala; diversificação da matriz energética, priorizando fontes renováveis como solar e eólica; e adaptação climática, com reflorestamento, proteção de mananciais e tecnologias que reduzam a dependência da chuva. O país que sempre se orgulhou de ser uma potência hídrica está à beira de uma contradição insustentável: ter água em abundância e ao mesmo tempo conviver com torneiras secas e energia instável. A seca de 2025 é um alerta definitivo.
FONTE: JOVEM PAN NEWS