Ex-presidente terá que usar tornozeleira e cumprir toque de recolher; aliados veem ação como oportunidade para reacender embate com o STF
A operação da Polícia Federal (PF) contra Jair Bolsonaro (PL), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reposicionou o centro da crise política nesta sexta-feira (18), deslocando o foco das tensões entre os governos de Brasil e Estados Unidos para o embate entre o Judiciário e o ex-presidente.
Desde o início da crise diplomática com os EUA, deflagrada após o anúncio de tarifas pelo presidente norte-americano Donald Trump, bolsonaristas que atuam no exterior, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Figueiredo, passaram a defender que o conflito político ganhasse novo contorno.
A estratégia consistia em transferir o eixo da rivalidade para Moraes, tirando o presidente Lula (PT) do centro das atenções. Segundo esse grupo, isso poderia reforçar o argumento de perseguição judicial e ampliar a pressão internacional por uma anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro.
Com a operação desta sexta, esse cenário se concretiza. Bolsonaro terá que usar tornozeleira eletrônica, está proibido de sair de casa à noite, de frequentar embaixadas e de manter contato com outros investigados. A decisão do STF aponta que o ex-presidente confessou de forma “consciente e voluntária” ter tentado coagir o sistema de Justiça.
A avaliação de interlocutores é que a medida desloca momentaneamente as cobranças sobre o governo federal, que vinha sendo pressionado a reagir ao tarifaço, e reaquece o embate entre Moraes e Bolsonaro, um dos principais vetores de tensão institucional nos últimos anos.
Eduardo Bolsonaro classificou a decisão como uma escalada por parte do STF e afirmou que Moraes “dobrou a aposta”. Internamente, setores do bolsonarismo consideram que o novo capítulo pode influenciar a postura da administração Trump em relação ao Brasil e ao Judiciário.
FONTE: SBT NEWS