Deputada federal por Rondônia participou do programa Palavra Aberta, destacando os desafios do diagnóstico e tratamento do câncer de cabeça e pescoço no Brasil
A deputada federal Sílvia Cristina (PP-RO), relatora da Comissão Especial de Combate ao Câncer na Câmara dos Deputados, participou do programa Palavra Aberta, da TV Câmara, para falar sobre os avanços e desafios no enfrentamento ao câncer de cabeça e pescoço no Brasil, especialmente durante o Julho Verde — mês de conscientização sobre o tema.
Durante a entrevista, a parlamentar ressaltou que, apesar de avanços recentes, como a publicação de portarias pelo Ministério da Saúde em fevereiro e abril, ainda falta a regulamentação completa da Lei 14.578/2023, que institui a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no SUS. Segundo Sílvia, a política precisa sair do papel para garantir um atendimento mais digno e efetivo, principalmente nos casos mais graves.
“Hoje, apenas 1,17% do orçamento federal é destinado ao tratamento do câncer, o que representa cerca de R$ 4 bilhões. Isso é insuficiente diante da realidade do país”, alertou a deputada.
Ela também destacou que o câncer de cabeça e pescoço é o quarto tipo que mais mata no Brasil, com mais de 40 mil novos casos esperados anualmente, sendo um dos mais agressivos e impactantes, principalmente por comprometer funções básicas como a fala, a alimentação e a estética facial. A falta de mastigação e salivação, comum nesses casos, torna essencial o suporte nutricional, ainda pouco acessível no sistema público de saúde.
Além da questão orçamentária, Sílvia Cristina apontou a falta de atenção da atenção primária à prevenção desse tipo de câncer. Segundo ela, há uma cultura que prioriza apenas os tipos mais conhecidos, como mama e colo do útero, e negligencia sinais iniciais de câncer bucal e de garganta, que poderiam ser detectados com maior facilidade.
“Nós precisamos quebrar a cultura de que a saúde não começa pela boca. Começa sim, especialmente quando falamos em câncer. A prevenção precisa ser levada a sério na base”, disse a parlamentar.
Sobre a legislação existente, Sílvia lembrou que já estão em vigor as leis dos 30 e 60 dias, que garantem o diagnóstico e o início do tratamento oncológico em prazos máximos. Contudo, segundo a deputada, essas normas ainda não são plenamente cumpridas por falta de sensibilidade e compromisso dos gestores locais.
A parlamentar finalizou a entrevista reiterando seu compromisso com a causa. Sobrevivente do câncer de mama, Sílvia Cristina afirmou que transformou a vitória pessoal em missão pública, assumindo a luta por políticas estruturantes e humanizadas no combate à doença.
“Vamos salvar vidas, economizar recursos e cumprir nosso dever como parlamentares. Câncer tem cura, principalmente quando diagnosticado no início”, concluiu.
A deputada anunciou ainda a realização de um seminário nacional sobre o tema e reforçou que continuará cobrando a regulamentação plena da política pública aprovada pelo Congresso. A entrevista completa está disponível no canal da Câmara dos Deputados no YouTube.